Imagine os alunos estudando os conteúdos curriculares em suas casas, e somente depois irem à escola encontrar professores e colegas, tirar dúvidas e fazer os exercícios. O método de sala de aula invertida, resume-se em fazer a lição de casa em sala de aula e a aula sendo dada em casa.
Eis o princípio por trás da metodologia da “sala de aula invertida” (Flipped Classroom, em inglês), que propõe a inversão completa do modelo de ensino.
Sua proposta é prover aulas menos expositivas, mais produtivas e participativas, capazes de engajar os alunos no conteúdo e melhor utilizar o tempo e conhecimento do professor.
A metodologia tradicional de ensino deixa o aluno num papel passivo, simplesmente sendo um ouvinte das explicações do professor. Ao inverter esse modelo e fazer com que o aluno assista às aulas fora do ambiente da escola ou universidade, há um aumento na presença e participação em sala de aula.
Quando um conteúdo totalmente inédito é apresentado ao aluno, a introdução se dá, em geral, por meio de textos e videoaulas que apresentam os conceitos básicos e exercícios resolvidos como exemplos. “A leitura antecipada incita o raciocínio prévio e eleva o papel do professor. Esse passa de expositor para tutor, auxiliando e incentivando o aprendizado mais profundo do aluno quando ele traz dúvidas, raciocínios e discussões prévias”.
É possível aplicar essa metodologia da sala de aula invertida a todas as disciplinas escolares obtendo o mesmo efeito.
Com o resultado obtido em estudos feitos em diversas instituições pelo mundo, houve sempre ganho em relação a metodologia de ensino tradicional, independente da disciplina.
Segundo um levantamento feito na Universidade de British Columbia, nos Estados Unidos, com professores de Física que aplicaram a metodologia, dentre os quais Carl Wieman, prêmio Nobel de Física em 2001, houve um aumento de 20% na presença e 40% na participação dos alunos com o modelo. Além disso, as notas dos alunos participantes foram duas vezes maiores que as das classes que utilizaram a metodologia tradicional.
Na Universidade de Harvard, por sua vez, professores de Matemática conduziram um estudo de 10 anos em suas classes de Cálculo e Álgebra e descobriram que alunos inscritos em aulas invertidas obtiveram ganhos de 49 a 74% na aprendizagem em relação aos alunos inscritos em aulas tradicionais.
Nesse contexto, onde praticamente toda a dinâmica da aula se altera, é essencial capacitar o professor para aplicar o modelo com sucesso. Isso começa, com uma mudança de paradigma ou forma de pensar. “O professor necessita ser convencido que o método irá facilitar o seu dia a dia e também dos alunos. Se isso não acontecer, não adianta capacitar, pois o professor estará reticente em usar a metodologia, o que irá atrapalhar seu desempenho”.
Para o estudo em casa, os alunos contam com recursos como vídeos, textos, áudio, games, entre outros. No entanto, a metodologia não implica necessariamente em repensar todo o material didático hoje disponível, a utilização de uma leitura prévia antes da aula e dos deveres de casa, se constituem exemplos de uma sala de aula invertida.
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