Atributos em comum das escolas inovadoras e criativas

O Mapa da Inovação e Criatividade nasceu de uma iniciativa do Ministério da Educação para conhecer escolas inovadoras e criativas na educação básica para saber em que medida elas podem contribuir para a melhoria da qualidade da educação brasileira.

A intenção era fortalecer as instituições que buscam soluções criativas para os desafios contemporâneos no intuito de formar crianças e jovens empáticos e engajados.

No fim desse processo avaliativo, foram listadas 178 instituições que já atuavam por essa perspectiva ou que caminham nessa direção.

Mas o que as instituições têm em comum? Quais critérios o MEC utilizou para avaliar as instituições inscritas e quais são as características básicas necessárias para que sua escola seja considerada inovadora?

Vamos lá para os principais itens:

1. O protagonismo estudantil

Qualquer instituição que tenha o o propósito de se posicionar como agente transformador e ser reconhecida com tal virtude, precisa englobar estratégias que estimulem o protagonismo do aluno. Metodologias ativas de aprendizagem, como sala de aula invertida, aprendizagem por projetos e iniciativas que levem em conta a bagagem de vida e que conectem conhecimentos prévios são maneiras de caminhar nessa direção.

Quanto maior o avanço da sociedade, mais urgente se torna o abandono de práticas educacionais ultrapassadas, que enxergavam e tratavam o estudante como um frasco vazio a ser preenchido pelo conteúdo proferido pelo professor em sala de aula.

Hoje, entende-se que o conhecimento é algo a ser construído pelos alunos, e não transmitido pelo professor. Professor e alunos compartilham informações e experiências; professor e alunos se transformam em melhores versões de si mesmos.

2. A aprendizagem customizada

Instituições que se esforçam para afastar do seu currículo o ensino padronizado tem grande destaque. Ninguém percebe o mundo da mesma maneira, tem os mesmos interesses ou aprende no mesmo compasso. Muito pelo contrário, nossa bagagem de vida, personalidade e habilidades naturais nos tornam seres humanos únicos e irrepetíveis.

É essencial, portanto, adotar estratégias que reconheçam os estudantes como seres humanos singulares em essência, que aprendem por processos e com ritmos distintos particulares, e que se esforcem para acomodar essas divergências.

Mas como colocar isso em prática? Por meio de ambientes estimulantes, dando o tempo suficiente para que cada aluno se engaje com as tarefas e projetos que mais despertarem sua atenção.

3. A multidisciplinaridade dos projetos

Aquela percepção de que cada matéria do currículo escolar representa um item de conhecimento isolado, está completamente obsoleta. Hoje em dia, sai na frente quem vê que todos os conhecimentos se inter-relacionam e são codependentes e pratica essa visão.

História, Física, Química, Artes e Filosofia? Essas disciplinas são diferentes faces do mesmo aspecto, e a melhor maneira de fazer com que os estudantes percebam isso é por meio de projetos multidisciplinares.

Escolas inovadoras que incorporaram esse modo de educar estão alinhadas às tendências revolucionárias já comuns em outros países.

Aqui, é fundamental construir pontes em vez de muros. Fale com sua equipe pedagógica, peça a ajuda dos professores e parta de sua expertise para instigar nos alunos uma visão mais completa do conhecimento e do mundo.

4. O emprego da tecnologia

Quando falamos de tecnologia em educação, logo vem à mente a imagem de jovens sentados em frente a tablets ou computadores. Essa visão não está necessariamente incorreta, mas pergunte-se: “Será que esses alunos estarão, de fato, aprendendo?”.

Para ser transformadora, a tecnologia precisa ser utilizada com criatividade pelos educadores.

Ela deve ser interpretada como um instrumento potente de aprendizagem — pois pode aproximar o conteúdo do aluno —, mas jamais deve ser utilizada como um fim em si mesma. Sua escola deve assumir a seguinte postura: a tecnologia é uma facilitadora da aprendizagem, e não o objetivo de uma aula!

5. O desenvolvimento holístico nas escolas inovadoras

Por desenvolvimento holístico estamos nos referindo à percepção de que o ser humano é complexo e multifacetado. A educação não deve virar as costas a essa complexidade, e sim incorporá-la.

Somos seres intelectuais, sim, mas também emocionais, culturais e sociais. Desenvolver esses aspectos, portanto, é uma iniciativa tão essencial quanto a educação acadêmica.

Podemos dizer que escolas inovadoras e criativas são aquelas que valorizam e trabalham a multidimensionalidade da existência humana. Quer um exemplo prático? Que tal incorporar a meditação em sua escola em horários predeterminados e incentivar a reflexão entre seus estudantes sobre temas como emoções, sustentabilidade e natureza humana?

6. A consciência sustentável

Falando em sustentabilidade, é fundamental que as escolas voltadas para o desenvolvimento holístico do seu corpo estudantil trabalhem essa noção. E não estamos falando apenas da sustentabilidade ecológica, mas da econômica e social também.

Não adianta ter um currículo multidisciplinar baseado em projetos, se não houver uma consciência de pertencimento universal por parte dos estudantes, se eles não perceberem que suas ações diárias fazem a diferença para a preservação do planeta. Então, práticas que os chamem para esse debate e os engajem em iniciativas sustentáveis são, de fato, inovadoras.

7. O vínculo com a comunidade

Iniciativas que levem os estudantes a dialogar com a comunidade da qual fazem parte também são um diferencial na busca pela inovação.

Tanto em escolas públicas quanto em privadas, é comum deixar que os muros separem completamente a realidade externa da interna.

Na maioria dos casos, a cidade ou bairro no qual a escola está inserida não faz ideia do que se passa dentro dela e vice-versa. Então, conseguir construir uma ponte com o que acontece lá fora é um progresso, especialmente se desse engajamento surgirem projetos de impacto social.

Como você pôde ver, escolas inovadoras são compostas por indivíduos visionários que enxergam a educação como um esforço conjunto, um processo integral e suavizado. Nelas, o foco é o desenvolvimento humano.

Em geral, são as escolas inovadoras que percebem a complexidade da sociedade atual e se esforçam para formar cidadãos críticos, atuantes e interessados em fazer uma mudança positiva no mundo. Elas se posicionam como centros transformadores e estão dispostas a construir pontes em vez de barreiras, tendo como meta, resultados qualitativos e não só quantitativos.

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