Avaliação qualitativa no cotidiano escolar e sua importância

Não existem respostas prontas para a pergunta sobre como fazer avaliação qualitativa, o que existe são caminhos possíveis, cada educador deve perceber qual o melhor a seguir, a avaliação é sempre um tema espinhoso para os profissionais da educação e sua reflexão mais aprofundada é constantemente deixada de lado.

Acostumada a medidores meramente quantitativos, a educação brasileira pouco ou nada se volta para a análise do percurso do aluno e identificação de suas reais dificuldades e potencialidades.

Para a maior parte das escolas e profissionais de educação, avaliar a aprendizagem do aluno significa atribuir uma nota após a realização de um método avaliativo.

Daí decorrem os vários testes, exames e outros instrumentos aos quais estamos habituados e que medem tão somente a capacidade do aprendiz de – naquele momento – responder conforme o esperado e atingir determinada nota, conceito, classificação ou hierarquia.

A avaliação qualitativa, por outro lado, centra-se em todo o processo de ensino-aprendizagem, e requer um diagnóstico desse processo. A própria legislação educacional brasileira, desde a Lei de Diretrizes e Bases, aponta para a necessidade de uma “avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais” (Lei 9394/96, art. 24, inc. V, alínea a).

O que seria e como deve ser feita, então, a avaliação qualitativa?

O que é avaliação qualitativa?

Antes de tudo, vale destacar que avaliação, no ambiente escolar, diz respeito tanto à análise da aprendizagem do aluno quanto aos aspectos institucionais e à avaliação externa. Neste artigo, focaremos na aprendizagem.

Na avaliação qualitativa, o que é levado em conta não é mais somente uma nota ou conceito resultante de algum teste realizado, mas a consideração do processo de ensino-aprendizagem de forma contínua, cumulativa e sistemática. Não se restringe aos pontos “de qualitativo” comumente utilizados por muitas escolas nem está centrada simplesmente em características do comportamento do aluno.

Muito complexo, esse tipo de avaliação requer, tanto de quem aprende quanto de quem ensina, postura de responsabilidade, autonomia e atitude crítica perante a própria conduta e os conhecimentos a serem adquiridos.

Como fazer avaliação qualitativa?

Para uma avaliação qualitativa eficaz, é necessário que os sujeitos envolvidos no processo questionem a relação ensino-aprendizagem na qual estão inseridos e identifiquem os conhecimentos construídos e suas dificuldades de forma dialógica.

É necessário uma outra compreensão do processo avaliativo, uma em que o fracasso do aluno seja encarado também como o fracasso do professor e de toda a escola, uma em que o objetivo do aluno não é receber determinada nota, mas aprender de fato.

Até mesmo os erros são levados em conta, porque indicam como o educando está relacionando os conhecimentos que já possui com os novos que vão sendo adquiridos, permitindo a identificação dos conhecimentos que já estão consolidados e servem de base para tudo o que vem a seguir.

Em uma avaliação do tipo qualitativa, todas as respostas do estudante, certas ou erradas, indicam o caminho percorrido e oferecem um prognóstico dos próximos passos.

Uma mudança efetiva na avaliação escolar só pode realmente acontecer por meio de políticas públicas adequadas e de uma revisão das nossas concepções de homem, educação e sociedade, mas aponta quatro cuidados que podem contribuir para a construção de avaliações mais justas:

  • Deixar de encarar o planejamento como mera exigência burocrática, entendendo que estabelecer objetivos é também definir critérios de avaliação com responsabilidade, evitando a comum discrepância entre o que se coloca como objetivo e o que realmente se cobra. Os objetivos devem expressar exigências significativas de análise, observação e de síntese para minimizar as exigências de mera memorização e reprodução e devem referir-se a conteúdos vitalmente significativos.
  • Atentar para o que se faz com o resultado da avaliação que se faz. Um exemplo é do médico que solicitou vários exames , diagnosticou uma pneumonia e nada fez. É o que normalmente se pratica em educação, os resultados das avaliações, de modo geral, não orientam nenhum tipo de “tratamento” do aluno, ao contrário, servem como objetivo final do processo educativo. Mesmo a chamada “recuperação” é feita simplesmente com o objetivo de atingir uma média de nota e não de retomar um processo para que o aluno aprenda o que ainda não aprendeu. O olhar para os resultados da avaliação, além de indicar a necessidade de retomada de um processo, deveria servir como autocrítica para o educador entender que às vezes a falha é dele mesmo.
  • Rever os instrumentos de avaliação. Há que se ter o cuidado na elaboração das habituais provas, que nem sempre são tão objetivas quanto se supõe, quanto para a necessidade de variar os instrumentos de avaliação, adotando alternativas que estimulem mais a participação ativa dos alunos, desenvolvendo sua reflexão, responsabilidade e autonomia.
  • Adoção da avaliação por conteúdos ou objetivos. Trata-se de “ construir um processo educativo consistente em que não haja preocupação com a aproximação de resultados mecânicos, pré-estabelecidos a serem atingidos para classificar os sujeitos. Objetiva-se a realimentação do processo. Se os objetivos são relevantes, retomá-los quando não atingidos, torna-se igualmente relevante”.

Não é difícil perceber por que a avaliação qualitativa é tão negligenciada no contexto da educação brasileira, é ela bem mais complexa e exige um comprometimento muito maior dos sujeitos que as avaliações quantitativas tradicionais.

Mais que atribuir uma nota, ela visa desenvolver conhecimentos, competências e habilidades de forma consistente e respeitando o tempo e o processo de cada indivíduo, além de trabalhar valores como responsabilidade e autonomia. No entanto, ainda que mais difícil, torna-se cada vez mais necessária no atual estado de desenvolvimento da nossa sociedade, quando mais que nunca nos é exigido engajamento, autocrítica e revisão das nossas próprias atitudes.

Fonte: http://blog.arvoredelivros.com.br

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